26 de novembro de 2012

Como criar um filho feliz

O que faz uma criança feliz? A resposta pode surpreender a maioria dos pais. Segundo especialistas em desenvolvimento infantil, felicidade não é algo que se possa dar a um filho como se fosse um presente. Pelo contrário.

Na realidade, diz o psiquiatra Edward Hallowell, autor de The Childhood Roots of Adult Happiness, crianças mimadas demais ou poupadas de todo tipo de desconforto emocional têm mais chances de virar adolescentes chatos, cínicos e descontentes.

"O mais significativo para a felicidade são fatores internos, não externos", afirma Hallowell. Ele salienta que o importante é ajudar a criança a desenvolver ferramentas internas para se equilibrar, ferramentas com as quais ela possa contar pela vida inteira.

A boa notícia é que não é preciso ser especialista em psicologia infantil para cultivar no seu filho a força interior e a sabedoria de ele vai precisar para aguentar os trancos e barrancos da existência. Com paciência e flexibilidade, todo pai e toda mãe possuem mecanismos para formar a base de uma vida de cheia de felicidade para os filhos.


Saiba interpretar os sinais 

 À medida que a criança passa de recém-nascida a um bebê mais interativo de 6 meses, ela se torna mestre em expressar para você quando alguma coisa a está deixando alegre ou aborrecida. Por exemplo, o rosto dela se abre em um enorme sorriso ao ver você entrar, ou se contrai em um choro inconsolável quando alguém leva um brinquedo embora.

Você também já deve ter reparado como o bebê passa da alegria à tristeza em um piscar de olhos.

De acordo com a neurocientista pediátrica Lise Eliot, bebês são instáveis assim porque o córtex cerebral, que controla as respostas automáticas do corpo, mal começou a funcionar. Com o passar dos anos e o desenvolvimento dessa parte do cérebro, a criança conseguirá controlar melhor suas emoções e comportamentos.

E, se você tem a sensação de que seu filho passa mais tempo chorando do que rindo, isso se deve ao fato de os bebês desenvolverem primeiro a capacidade de experimentar o estresse - antes da felicidade. Choro e expressões faciais de tristeza existem por um bom motivo, explica Lise. Eles servem como sinal de socorro para que os responsáveis pela criança consertem o que quer que esteja errado.

Mas, se o bebê está chorando, como saber se é porque sente dor, fome ou simplesmente tédio? "A sensibilidade da mãe geralmente consegue detectar os diferentes tipos de choros e expressões faciais", afirma Paul C. Holinger, professor de psiquiatria do Centro Médico Rush-Presbyterian-St. Luke, nos Estados Unidos. "As sobrancelhas, a boca e as vocalizações são sistemas de sinalização do bebê."

Um bebê com algum desconforto físico vai chorar com os cantos da boca virados para baixo e as sobrancelhas arqueadas no meio. Quando o problema é raiva, o rosto do bebê fica vermelho, as sobrancelhas viram para baixo, o maxilar fecha, e ele grita feito um animalzinho.

A maioria dos pais reconhece um bebê que se irrita fácil ou que é medroso, mas, segundo Holinger, muitos não percebem que a raiva às vezes provém de situações desagradáveis do ambiente. "Se há um barulho mais alto ou uma luz mais forte, a criança vai mostrar sinais de medo. Se o barulho ou a luz continuarem, o sentimento vira raiva", diz o professor.

Seu filho provavelmente tem seu próprio jeito de mostrar quando está bem ou não. Algumas crianças choram, outras ficam mais apegadas e carentes. Com o passar do tempo, você vai entender cada vez mais o temperamento do seu filho e aprenderá a reconhecer os sinais de quando alguma coisa está errada.

Abra espaço para a diversão

Embora um móbile bem colorido ou o gostinho de uma papinha doce possam fazer o bebê sorrir, o que o faz realmente feliz é bem mais simples: você.

"Conecte-se com o bebê, brinque", aconselha o doutor Hallowell. "Se você estiver se divertindo, ele também estará."

O ato de brincar produz alegria, mas a brincadeira é também a maneira como as crianças desenvolvem as habilidades necessárias para a felicidade futura.

À medida que crescem, aquelas brincadeiras não-direcionadas fixa permitem às crianças descobrirem as atividades de que mais gostam: construir torres, aviões ou casas com blocos, misturar "poções" com ingredientes da cozinha, pintar com tinta, rolar uma bola, fantasiar-se, brincar de faz de conta.

Muitas vezes essas brincadeiras acabam levando a atividades profissionais extremamente prazerosas na vida adulta.

Lembre-se de que brincadeira não quer dizer inscrever a criança na aula de música, de esportes ou outras tarefas "enriquecedoras". Brincar significa deixar uma criança inventar, criar e sonhar acordada para ajudar a desenvolver seus próprios talentos e descobrir seus interesses sem interferência externa.

Corpo saudável = criança feliz

Muitas horas de sono, exercícios e uma dieta saudável são essenciais para o bem-estar de qualquer pessoa, e das crianças em especial. Procure dar ao seu filho bastante espaço para que ele gaste energia, seja correndo, chutando bola, engatinhando até um brinquedo preferido ou subindo e descendo do escorregador mil vezes no parque. Atividades assim ajudam a deixar a criança de bom humor.

No caso de bebês, é só importante lembrar que a maioria deles se dá melhor com rituais e horários predeterminados para cada atividade. Programar o parquinho para depois do almoço pode resultar em bebê irritado.

Preste atenção também a possíveis ligações entre o humor do seu filho e a ingestão de certos alimentos. Para algumas crianças, açúcar, por exemplo, pode dar energia, enquanto que para outras, irritação. Acredite: alergias e sensibilidade a alimentos também alteram o comportamento das crianças.

Se você estiver amamentando, talvez descubra que o bebê não fica bem depois que você come alguma coisa específica. Por mais chato que seja abrir mão, muitas vezes compensa não comer e, por outro lado, ter mais tranquilidade com o bebê.

Deixe a criança resolver os problemas

Nos seis primeiros meses de vida, é importantíssimo que os pais respondam a todas as necessidades do bebê. Após essa fase, no entanto, se você correr por causa de cada soluço, impedirá que seu filho vivencie novas experiências.

"Crianças precisam aprender a tolerar situações incômodas e desagradáveis também. Permita que elas tenham dificuldades, procurem uma solução por conta própria, já que isso faz com que desenvolvam a capacidade de lidar com problemas", diz a psicóloga Carrie Masia-Warner, que trabalha na Universidade de Nova York.

Durante o primeiro ano, o bebê aprende a sentar, engatinhar, pegar objetos, falar uma ou outra coisinha. Cada um desses marcos traz confiança e satisfação à criança. Não não corra para pegar o chocalho que caiu ou o ursinho do outro lado da sala. Dê tempo e estímulo para que seu filho consiga pegar o que quiser sozinho.

Tristeza e raiva também existem

Com o passar do tempo, as crianças aprendem a classificar seus sentimentos e a expressá-los com palavras.

"É normal que as crianças fiquem sensíveis demais, grudadas ou bravas em certas horas, por causa de alguma coisa diferente ao seu redor. Mas isso não quer dizer infelicidade", aponta Carrie.

Por exemplo, se sua filha cismar de ficar em um cantinho, de mau humor, durante uma festa de aniversário, a reação natural é puxá-la de volta para as brincadeiras. Só que é fundamental deixá-la processar sozinha o sentimento negativo.

A criança precisa aprender que não há nada de errado em ficar chateada ou triste de vez em quando - faz parte da vida de todo mundo. Ao tentar dissipar qualquer sinal de descontentamento, muitas vezes mandamos a mensagem errada de que não é normal sentir tristeza.

Você é o modelo

Seja para o bem ou para o mal, as crianças tendem a imitar os comportamentos dos pais. Mesmo os bebês mais novinhos copiam o estilo emocional dos pais, algo que chega até a ativar áreas neurológicas específicas.

Isso quer dizer que, quando você sorri, seu filho sorri e o cérebro dele se "programa" para sorrir. Por outro lado, quando você se defronta com um bebê cheio de cólicas, por mais difícil que seja, o melhor é manter a calma para evitar que ele sinta e copie o estresse de quem cuida dele.

É normalíssimo para quem está lidando com recém-nascidos se sentir muitas vezes cansada e no limite. Mas, se esse for constantemente o seu estado de espírito, é importante procurar ajuda. Depressão é um problema real, não uma desculpa ou invenção que está na moda.

Cultive bons hábitos

Mesmo enquanto pequenos, os bebês já têm capacidade de aprender como é gostoso, por exemplo, ajudar ao próximo. Pesquisas indicam que pessoas que sentem que sua vida tem propósito sentem-se menos deprimidas.

É sempre possível demonstrar para uma criança a alegria do dar e do receber. Se você oferecer uma rodelinha de banana, deixe que ela faça a mesma coisa e dê uma de volta para você. Mostre como o gesto generoso deixa você feliz.

O mesmo vale para a hora de pentear o cabelo. Penteie o do seu filho e permita que ele penteie o seu. Esses pequenos momentos criam uma sensibilidade para que ele saiba compartilhar e se preocupar com outras pessoas.

Por volta dos 2 anos, as tarefas da casa são outra chance para ensinar as crianças a participar da vida dos outros. Tarefas simples, como colocar a roupa suja em um cesto ou levar os guardanapos para a mesa, ajudam as crianças pequenas a sentir que também podem contribuir com algo no mundo.

Fonte: http://brasil.babycenter.com/baby/desenvolvimento/crianca-feliz/

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