16 de abril de 2011

Doutora em Desenvolvimento Infantil

Certo dia, uma mulher chamada Ana foi renovar a sua carta de condução. Quando lhe perguntaram qual era a sua profissão, ela hesitou. Não sabia bem como se classificar. O funcionário insistiu: “O que eu pergunto é se tem uma ocupação, um trabalho.”

- “Claro que tenho um trabalho”, exclamou Ana. “Sou mãe.”

-“Nós não consideramos isso um trabalho. Vou por dona de casa”, disse o funcionário friamente.

Uma amiga de Ana, a Marta, soube do que se passara e, durante algum tempo, meditou no assunto. Num determinado dia, encontrou-se em situação idêntica. A pessoa que a atendeu era uma funcionária de carreira, segura, eficiente. O formulário parecia enorme, interminável.

- A primeira pergunta foi: “Qual é a sua ocupação?”

- Marta pensou um pouco e sem saber bem como, respondeu: “Sou doutora em desenvolvimento infantil e em relações humanas.”

A funcionária fez um ar de estupefação e Marta repetiu palavra por palavra a sua afirmação. Depois de ter anotado tudo, a jovem ousou perguntar:

- “Posso saber, o que é que a senhora faz exatamente?”

Sem qualquer hesitação, em tom firme, com muita calma, Marta explicou: “Desenvolvo um programa a longo prazo, dentro e fora de casa.”

Pensando na sua família, ela continuou: “sou responsável por uma equipe e já recebi quatro projetos. Trabalho em regime de dedicação exclusiva. O grau de exigência é de 14 horas por dia, por vezes de 24 horas.”

À medida que ia descrevendo suas responsabilidades, Marta notou um crescente tom de respeito na voz da funcionária, que preencheu todo o formulário com os dados fornecidos.

Quando regressou a casa, Marta foi recebida pela sua equipe: três meninas: 13, 7 e 3 anos. Subindo ao andar de cima da casa, ouviu o seu mais jovem projeto, um bebê de seis meses, a ensaiar um conjunto de novas sonoridades. Feliz, Marta tomou o bebé nos braços e pensou na glória da maternidade, suas múltiplas responsabilidades e horas intermináveis de dedicação…
“Mãe, onde estão os meus sapatos? Mãe me ajuda a fazer os deveres? Mãe, o bebê não para de chorar. Mãe, vai-me buscar à escola? Mãe, vai à minha aula de ballet? Mãe, compra-me…? Mãe…?”

Sentada na cama, Marta pensou: “Se ela era doutora em desenvolvimento infantil e em relações humanas, o que seriam as avós?”

E logo descobriu um título para elas:

Doutoras-sênior em desenvolvimento infantil e em relações humanas. As bisavós, doutoras executivas-sênior. As tias, doutoras-assistentes.

E todas as mulheres, mães, esposas, amigas e companheiras:

Doutoras na arte de tornar a vida melhor.

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